domingo, 28 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

S. Valentim - Sugestões de leitura (IV)

Cartas de Amor de gente famosa
«Nice, ano IV; 30 de Março de 1796
Não passo um dia sem te desejar, nem uma noite sem te apertar nos meus braços; não tomo uma chávena de chá sem amaldiçoar a glória e a ambição que me mantêm afastado da vida da minha vida. No meio das mais sérias tarefas, enquanto percorro o campo à frente das tropas, só a minha adorada Josefina me ocupa o espírito e o coração, absorvendo-me por completo o pensamento. Se me afasto de ti com a rapidez da torrente do Ródano, e para tomar a ver-te o mais cedo possível. Se me levanto a meio da noite para trabalhar, e no intuito de abreviar a tua vinda, minha amada, e no entanto, na tua carta de 23, tratas-me na terceira pessoa, por senhor! Na terceira pessoa te trataria eu! Que mazinha! Como pudeste escrever-me uma carta tão fria! ( ... ) Isto é pior do que todos os suplícios do inferno. Se logo me deixaste de tratar por tu, que será então dentro de quinze dias?! Sinto uma profunda tristeza, e assusta-me verificar a que ponto está rendido o meu coração. Já me queres menos, um dia deixaras de me querer completamente; mas avisa-me, então.
Saberei merecer a felicidade...Adeus, mulher, tormento, felicidade) esperança da minha vida, que eu amo, que eu temo, que me inspira os sentimentos mais ternos e naturais, tanto como me provoca ímpetos mais vulcânicos do que o trovão. »

Napoleão Bonaparte
(para Josefina)
Cartas de amor de Gente Famosa
de Isabel da Nóbrega
Edição/reimpressão: 2009
Páginas: 128
Editor: Prime Books
ISBN: 9789896550103

S. Valentim - Sugestões de leitura (III)

Gosto de ti. R.

Conheces todos os segredos que encerra um simples “Gosto de ti”? Imaginas toda a diferença que pode fazer se o disseres com sinceridade aos que fazem parte da tua vida? Já sentiste a magia que encerra esta simples afirmação e o bem que traz quando o ouves de alguém que o diz com verdade?
Porque nem sempre os afectos são simples…
Adriana descobre um bilhete:
«foi logo no intervalo de uma aula. Entrei na sala e, ainda mal me tinha sentado na carteira, encontrei um bilhete dobrado, meio escondido debaixo de um livro. Desdobrei-o e…”Gosto de ti.R.” Mal li estas palavras, desatei a corar, a corar…»
Adriana sente medo de contar a emoção e surpresa que sente porque os outros podem fazer piada disso «o Miguel estava a olhar para mim. Talvez estivesse a estranhar o meu alvoroço. Mas aquele bilhete…Com aquele verbo…Que encantamento eu sentia pelo verbo gostar! Gosto…Gosto de…Gosto de…ti.»
Este livro é um relato dos medos, angustias e alegrias que vive uma adolescente. Tem a ver com a vida, com a família e com o amor no seu sentido mais abrangente. Tem a ver com a decepção da perda de quem se ama e marca as nossas vidas. Mas depois há a esperança, a amizade verdadeira, o carinho… «O Filipe tem um ar tão triste! Sabe o que ele precisa? É de carinho. De muito carinho. Se tivesse carinho, era mais alegre.»
Esta história é um deslindar de sentimentos e, talvez uma boa pista para aprender a geri-los e a desenvolver os afectos.
É preciso lê-lo com o coração para entender todos os significados que pode ter a simples frase “Gosto de ti”…


Gosto de Ti R.
de Graça Gonçalves
Edição/reimpressão: 2005
Páginas: 128
Editor: GOSTAR Editora
ISBN: 9789728570156


S. Valentim - Sugestões de leitura (II)

Três Histórias de Amor



O Segredo da menina morta
Um rapazinho, João Maria, vivia num sítio fora do comum e encontrava-se dividido entre duas paixões.
«Para João Maria, ser filho do guarda do cemitério não era uma desvantagem. Pelo contrário. A casa era pequena mas o cemitério era imenso e silencioso (…)»
A sua primeira paixão era Inês «(…) havia uma sepultura, ao fundo do sector F, onde o João Maria sempre parava e se demorava, depois de lá pousar as mais belas flores que ia recolhendo nas outras sepulturas. – Olá Inês! Desculpa p atraso. Hoje distraí-me por aí»
A sua outra paixão era Sara «(…) ao fim da manhã, quando regressava a casa, voltou a vê-la à varanda. Acebnou-lhe então a medo, discretamente. Ela voltou a sorrir e ele teve a sensação de que nada existia para além daquele sorriso a não ser a noite escura.»
Mas neste seu romance os dois jovens vêem o seu amor perturbado pela alma de Inês, uma menina morta; que afinal só quer que lhe realizem algo que em vida não pôde fazer.

Romance de Lucas e Pandora
O romance de dois gatos… Lucas, o gato…
«Lucas vivia na Ribeira, junto ao rio que corria sem parar. Era um gato jovem, malhado, filho de um gato vadio e da gata gorducha da loja das iscas de bacalhau.»
E Pandora, a gata…
«Pandora era uma gata mimada, nascida e criada numa casa da avenida marginal. Era filha de um gato embarcadiço e da linda gata doméstica que o namorava às escondidas dos donos.»
Os dois conhecem-se e apaixonam-se mas vivem um dilema…

História do Velho e da sua linda nogueira
E porque existem diferentes histórias de amor…
«Dizem que sou velho mais velho e o pobre mais pobre da terra inteira. Chamam-me Miséria. O velho Miséria.»
Miséria tinha um particular carinho pela sua nogueira «Eu queria viver para cuidar da minha linda nogueira, que era a minha única companhia, o maior consolo, a verdadeira alegria.»
Miséria, sendo já de idade avançada tinha mesmo muita vontade de viver que mais não fosse pela sua nogueirinha…mas a morte visitou-o e ele, esperto como era, tentou enganá-la «- Vai-te, Morte maldita! Vai bater a outra porta que daqui não levas nada». Miséria havia feito um pacto com o diabo que lhe prometera mais vinte anos de vida.
Mas os vinte anos passaram depressa e o diabo voltou, desta vez para levar Miséria. Mas não foi só o diabo que voltou…a Morte, que se dizia noiva de Miséria, voltou também e reclamava levar Miséria consigo.
«O Sol baixava no céu e não tardava a desaparecer atrás dos montes. Era a última vez que o via. Cada coisa que fizesse podia ser a última vez que a fazia. Cada passo que dava podia ser o último passo. Uma tristeza imensa tomou conta de mim. E a minha rica nogueira?»
Miséria engana a morte e o diabo e ganha a eternidade mas a sua nogueira morre…


Plano Nacional de Leitura: Livro recomendado no programa de português do 6º ano de escolaridade, destinado a leitura orientada na sala de aula - Grau de Dificuldade I.

Três Histórias de Amor
de
Álvaro Magalhães
Edição/reimpressão: 2003
Páginas: 72
Editor: Edições Asa
ISBN: 9789724135816
Colecção:
Biblioteca Álvaro Magalhães

S. Valentim - Sugestões de leitura (I)

O Elefante Cor-de-Rosa
Trata-se da história de um pequeno elefante cor-de-rosa, a cor dos sonhos das crianças, e transporta-nos ao bonito e sereno mundo em que ele vivia, juntamente com outros elefantes cor-de-rosa. Um mundo de paz e de alegria, onde não se conhecia o sofrimento. Mas eis que surge o fim deste seu mundo, e o elefante vê-se obrigado a partir. Acabará por ir viver para a imaginação de uma criança! História de sonho e fantasia que apresenta valores tão importantes como a amizade, a solidariedade e a entreajuda.

Plano Nacional de Leitura: Livro recomendado para o 4º ano de escolaridade destinado a leitura orientada na sala de aula - Grau de Dificuldade I.
O Elefante Cor-de-Rosa
de Luísa Dacosta
Edição/reimpressão: 2005
Páginas: 64
Editor: Edições Asa
ISBN: 9789724141848
Colecção: Obras Completas de Luísa Dacosta
Faixa etária: a partir dos 6 anos








segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

1 de Fevereiro de 1908: um relato na primeira pessoa (II)

"Notas absolutamente íntimas" de D. Manuel II

«Como disse mais atrás eu estava em Lisboa quando foi 28 de Janeiro; houve uma pessoa minha amiga (que se não me engano foi o meu professor Abel Fontoura da Costa) que disse a um dos Ministros que eu gostava de saber um pouco o que se passava, porque isto estava num tal estado de excitação. O João Franco escreveu-me então uma carta que eu tenho a maior pena de ter rasgado, porque nessa carta dizia-me que tudo estava sossegado e que não havia nada a recear! Que cegueira!
Mas passemos agora ao fatal dia 1 de Fevereiro de 1908 sábado. De manhã tinha eu tido o Marquês Leitão e o King. Almocei tranquilamente com o Visconde d'Asseca e o Kerausch. Depois do almoço estive a tocar piano, muito contente porque naquele dia dava-se pela primeira vez "Tristão e Ysolda" de Wagner em S. Carlos. Na vespera tinha estado tocando a 4 mãos com o meu querido mestre Alexandre Rey Colaço o Septuor de Beethoven, que era, e é uma das obras que mais aprecio deste génio musical. Depois do almoço à hora habitual quer dizer às 13:15h comecei a minha lição com o Fontoura da Costa, porque ele tinha trocado as horas da lição com o Padre Fiadeiro. A hora do Fontoura era às 17:30h. acabei com o Fontoura às 15 horas e pouco depois recebi um telegrama da minha adorada Mãe dizendo-me que tinha havido um descarrilamento na Casa-Branca, mas não tinha acontecido nada, mas que vinham com três quartos de hora de atraso. Vendo que nada tinha acontecido dei graças a Deus, mas nem me passou pela mente, como se pode calcular o que havia de acontecer. Agora pergunto-me eu aquele descarrilamento foi um simples acaso? Ou foi premeditado para que houvesse um atraso e se chegasse mais tarde? Não sei. Hoje fiquei em dúvida. Depois do horror que se passou fica-se duvidando de muita coisa. Um pouco depois das 4 horas saí do Paço das Necessidades num "landau" com o Visconde d'Asseca em direcção ao Terreiro do Paço para esperarmos Suas Magestades e Alteza. Fomos pela Pampulha, Janelas Verdes, Aterro e Rua do Arsenal. Chegámos ao Terreiro do Paço. Na estação estava muita gente da corte e mesmo sem ser. Conversei primeiro com o Ministro da Guerra Vasconcellos Porto, talvez o Ministro de quem eu mais gostava no Ministério do João Franco. Disse-me que tudo estava bem.
Esperamos muito tempo; finalmente chegou o barco em que vinham os meus Paes e o meu Irmão. Abracei-os e viemos seguindo até a porta onde entramos para a carruagem os quatro. No fundo a minha adorada Mãe dando a esquerda ao meu pobre Pae. O meu chorado Irmão deante do meu Pae e eu deante da minha mãe. Sobretudo o que agora vou escrever é que me custa mais: ao pensar no momento horroroso que passei confundem-se-me as ideias. Que tarde e que noite mais atroz! Ninguem n'este mundo pode calcular, não, sonhar o que foi.creio que só a minha pobre e adorada Mãe e Eu podemos saber bem o que isto é! vou agora contar o que se passou n'aquella historica Praça.Sahimos da estação bastante devagar. Minha mãe vinha-me a contar como se tinha passado o descarrilamento na Casa-Branca quando se ouvio o primeiro tiro no Terreiro do Paço, mas que eu não ouvi: era sem duvida um signal: signal para começar aquella monstrosidade infame, porque pode-se dizer e digo que foi o signal para começar a batida. Foi a mesma coisa do que se faz n'uma batida às feras: sabe-se que tem de passar por caminho certo: quando entra n'esse caminho dá-se o signal e começa o fogo! Infames! Eu estava olhando para o lado da estatua de D. José e vi um homem de barba preta , com um grande "gabão". Vi esse homem abrir a capa e tirar uma carabina. Eu estava tão longe de pensar n'um horror d'estes que me disse para mim mesmo, sabendo o estado exaltação em que isto tudo estava "que má brincadeira". O homem sahiu do passeio e veio se pôr atraz da carruagem e começou a fazer fogo.Quando vi o tal homem das barbas que tinha uma cara de meter medo, apontar sobre a carruagem percebi bem, infelizmente o que era. Meu Deus que horror. O que então se passou só Deus minha mãe e eu sabemos;(...).»

1 de Fevereiro de 1908: um relato na primeira pessoa (I)

«Há já uns poucos de dias que tinha a ideia de escrever para mim estas notas intimas, desde o dia 1 de Fevereiro de 1908, dia do horroroso atentado no qual perdi barbaramente assassinados o meu querido Pae e o meu querido Irmão. Isto que aqui escrevo é ao correr da pena mas vou dizer franca e claramente e também sem estilo tudo o que se passou. Talvez isto seja curioso para mim mesmo um dia se Deus me der vida e saúde. Isto é uma declaração que faço a mim mesmo. Como isto é uma historia intima do meu reinado vou inicia-la pelo horroroso e cruel atentado.
No dia 1 de Fevereiro regressavam Suas Magestades El-Rei D. Carlos I a Rainha a senhora D. Amélia e Sua Alteza o Principe Real de Villa Viçosa onde ainda tinha ficado. Eu tinha vindo mais cedo (uns dias antes) por causa dos meus estudos de preparação para a Escola Naval. Tinha ido passar dois a Villa Viçosa tinha regressado novamente a Lisboa.
Na capital estava tudo num estado excitação extraordinária: bem se viu aqui no dia 28 de Janeiro em que houve uma tentativa de revolução a qual não venceu. Nessa tentativa estava implicada muita gente: foi depois dessa noite de 28, que o Ministro da Justiça Teixeira d'Abreu levou a Villa Viçosa o famoso decreto que foi publicado em 31 de Janeiro. Foi uma triste coincidência ter rubricado nesse dia de aniversário da revolta do Porto. Meu Pae não tinha nenhuma vontade de voltar para Lisboa. Bem lembro que se estava para voltar para Lisboa 15 dias antes e que meu Pae quis ficar em Villa Viçosa: Minha Mãe pelo contrário queria forçosamente vir. Recordo-me perfeitamente desta frase que me disse na vespera ou no próprio dia que regressei a Lisboa depois de eu ter estado dois dias em Villa Viçosa. "Só se eu quebrar uma perna é que não volto para Lisboa no dia 1 de Fevereiro. Melhor teria sido que não tivessem voltado porque não tinha eu perdido dois entes tão queridos e não me achava hoje Rei! Enfim, seja feita a Vossa vontade Meu Deus!
Mas voltando ao tal decreto de 31 de Janeiro. Já estavam presas diferentes pessoas politicas importantes. António José d'Almeida, republicano e antigo deputado, João Chagas, republicano, João Pinto dos Santos, dissidente e antigo deputado, Visconde de Ribeira Brava e outros. Este António José d'Almeida é um dos mais sérios republicanos e é um convicto, segundo dizem. João Pinto dos Santos, é também um dos mais sérios do seu partido. O Visconde de Ribeira Brava, não presta para muito e tinha sido preso com as armas na mão no dia 28 de Janeiro. Mas o António José d'Almeida e João Pinto dos Santos não podiam ser julgados senão pela Câmara como deputados da última Câmara. Ora creio que a tensão do Governo era mandar alguns para Timor tirando assim por um decreto dictatorial um dos mais importantes direitos dos deputados. O Conselheiro José Maria de Alpoim par do Reino e chefe do partido dissidente tinha tido a sua casa cercada pela policia mas depois tinha fugido para Espanha. Um outro dissidente também tinha fugido para Espanha e lá andou disfarçado. Outro que tinha sido preso foi o Afonso Costa: este é do pior do que existe não só em Portugal mas em todo mundo; é medroso e covarde, mas inteligente e para chegar aos seus fins qualquer pouca vergonha lhe é indiferente. Mas isto tudo é apenas para entrar depois mais detalhadamente na história íntima do meu reinado.»