quarta-feira, 1 de setembro de 2010

2010-2011

E porque um novo ano lectivo hoje se inicia...

in librarygarden

...uma excelente sugestão.
A equipa das BE do Agrupamento desejam um bom ano lectivo a toda a comunidade escolar.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Leituras & Novidades - “Trava-Línguas”

“Trava-Línguas”

Autora: Luísa Costa Gomes
Edição/reimpressão: 2006
Editor: Dom Quixote
ISBN: 9789722031271
Plano Nacional de Leitura: Livro recomendado para o 1º ano de escolaridade destinado a leitura orientada na sala de aula. Grau de Dificuldade I.

Trava-línguas divertidos para leitores de todas as idades.

«Quando contas contos
nunca contas que contas contos
nem que contos contas
contas contos
e que contos contas
a quem quer escutar
é da tua conta
contam os contos que contas
contas com os contos
quando os contos contas
à conta de tanto conto contar
não contas com
que quando contas contos
contos contas
e não te encontras»

Leituras & Novidades - “Uma Viagem no Verde”

“Uma Viagem no Verde
Autor: José Jorge Letria
Ilustração: Raquel Pinheiro
Edição/reimpressão: 2009
Editor: Vega
ISBN: 9789726999263
Colecção: Grandes Pequeninos
Faixa etária: dos 6 aos 9 anos
Prémio "O Ambiente na Literatura Infantil" - 1986 da Secretaria do Estado do Ambiente

Uma viagem pelos recantos da natureza nas suas mais variadas formas.
«Já disse água, azul, fogo e pedra. Depois disse seiva, pássaro e lua. Estas palavras são o meu alimento e a minha memória. É com elas que vivo, que moro e que brinco. O que sou é isto: um duende-poeta, um gnomo-cantor que sabe o tudo e o nada da vida das coisas e se afunda nelas até perceber o que são, o que querem, o que sofrem.»

Leituras & Novidades - “Os Melhores Poemas Para Crescer”

“Os Melhores Poemas Para Crescer”

Autora: Rosa Lobato de Faria
Edição/reimpressão: 2009
Editor: Oficina do Livro
ISBN: 9789895552788

Antologia que contem poesias de D. Dinis, Camões, Almeida Garrett, João de Deus, Júlio Dinis, Guerra Junqueiro, Cesário Verde, António Nobre, Fernando Pessoa e Florbela Espanca, entre outros, seleccionadas por Rosa Lobato de Faria, que iniciam os mais novos nesse mundo maravilhoso que é a poesia.

«Durma menino, a dormir
Não sofre tanta paixão,
Os sonhos que lhe hão-de vir
Afasto-os eu, com a mão.

Durma menino, a dormir
Não ouve o seu coração,
E pró ajudar a dormir
Eu canto-lhe uma canção.»

António Nobre

Leituras & Novidades - “O Barco de Chocolate”

“O Barco de Chocolate”

Autora: Cristina Norton
Edição/reimpressão: 2007
Editor: Dom Quixote
ISBN: 9789722032803
Prémio Adolfo Simões Müller
Plano Nacional de Leitura: Livro recomendado no programa de português do 6º ano de escolaridade, destinado a leitura orientada na sala de aula - Grau de Dificuldade I.

Doze fantásticos contos que nos apresentam um mundo mágico com personagens estranhas e apelativas.
«O Conto Comprido
Era uma vez um conto muito comprido, tão comprido que ninguém o queria contar.
Vivia muito triste num canto da biblioteca porque nunca olhavam para ele.
Às vezes, quando vinham amigos lá a casa e se falava em ler alguma história para se entreterem, o conto comprido erguia-se o mais alto que podia para que o vissem. Porém, quando um menino dizia:
- Esse, esse que eu não o conheço!
Rapidamente outro respondia:
- Esse não, é muito comprido.»
Será assim tão comprido?

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Leituras & Novidades - “Sou Especial porque sou Eu!”

“Sou Especial porque sou Eu!”
Autora: Sarah Massini
Edição/reimpressão: 2006
Editor: Edições Gailivro
ISBN: 9789895572854
Plano Nacional de Leitura: Livro recomendado para o jardim de infância, destinado a ler em voz alta/contar/ trabalhar na sala de aula.

Na escola, Ivo e as outras crianças, imaginam que são protagonistas de aventuras maravilhosas. Mas, Ivo nunca consegue ter o papel que gostaria porque os seus colegas o acham fraco, baixinho, feio e, ainda por cima, usa óculos…Todos os dias, ao regressar a casa, Ivo está triste mas a sua Mãe conversa com ele e consegue mostrar-lhe que as personagens que encarna são, afinal, muito divertidas e de grande importância nas brincadeiras com os outros meninos. Ivo aprende a ver o lado positivo das situações e percebe que ele próprio é especial «A mamã tinha razão – disse ele – Eu posso ser o que quiser, porque sou Eu!»






Leituras & Novidades - “Oh, João! Foste tu, Porcalhão?"

“Oh, João! Foste tu, Porcalhão?”

Autor: David Roberts
Edição/reimpressão: 2004
Editor: Dinalivro
ISBN: 9789725764572

«Este livro é dedicado a todos aqueles que já alguma vez se riram das suas próprias porcarias!» David Roberts





Leituras & Novidades - “Olá, sou o Marvin, e não tenho medo de nada!”

“Olá, sou o Marvin, e não tenho medo de nada!”

Autor: Dominique Mertens
Edição/reimpressão: 2002
Editor: Livros Horizonte
ISBN: 9789722411691
Plano Nacional de Leitura: Livro recomendado para o jardim de infância, destinado a ler em voz alta/contar/ trabalhar na sala de aula

O Pintainho Marvin com a sua ingenuidade e juventude conquista o coração duro do Sr. Raposão temido por todos os animais da quinta.
Uma bonita história de amizade…




Leituras & Novidades - "Gente Gira"

"Gente Gira"


Autora: Luísa Ducla Soares
Edição/reimpressão: 2002
Editor: Livros Horizonte
ISBN: 9789722412322
Plano Nacional de Leitura: Livro recomendado para o jardim de infância, destinado a ler em voz alta/contar/ trabalhar na sala de aula.




"Gente Gira" traz-nos a promessa de três pequenas histórias divertidas:
A Menina Verde
«Assim foi crescendo, linda e verde.
- Verde como a Primavera – diziam os sonhadores.
- Verde como uma alface – diziam os comilões.
- Como um relvado – diziam os amigos da bola.
- Como metade da bandeira portuguesa – diziam os patriotas.
- Verde como a esperança – diziam os que achavam que a esperança tinha cor.
- Verde como o Sporting! – exclamou apaixonadamente o Presidente do Clube dos Verdes.»



O Homem das Barbas
«Aquele homem nunca tinha cortado as barbas.
Elas cresceram até ao peito, até à barriga, até aos pés, até arrastarem pelo chão.
(…)
Quando a neta o vinha visitar, era certo e sabido, que pedia logo:
- Avozinho, deixa-me saltar à corda com as suas barbas?»


O Senhor Pouca Sorte
«Aquele rapaz nasceu numa sexta-feira, dia treze, daí a sua pouca sorte.
Nunca apanhou uma doença para poder faltar à escola.
Que pouca sorte!
(…)
Comprou uma galinha, pois queria ovos frescos, para fazer omeletes. Mas a galinha só punha ovos de ouro.
Que pouca sorte!»
















Leituras & Novidades - "A Sara tem um grande coração"

"A Sara tem um grande coração"
Autor: Peter Carnavas
Edição/reimpressão: 2010
Editor: Editorial Presença
ISBN: 9789722342278
Colecção: Diversos Infantis Juvenis
Faixa etária: dos 4 aos 8 anos

Uma conjugação de imagem e texto que ilustram a descoberta de Sara sobre o valor do seu grande coração. A jovem Sara “transporta” o seu coração, pesado, para todo o lado, por vezes com grande esforço. Mas, um dia, conhece um rapaz que, devido à leveza do seu próprio coração, se vê arrastado para os lugares mais longínquos. Sara ajuda-o amarrando o seu coração pesado e grande ao coração leve do seu novo amigo.


Leituras & Novidades - "Gosto de Ti"

"Gosto de Ti"

Título Original: Je T’Aime
Autora: Bénédicte Carboneill
Ilustrações: Elen Lescoat
Tradução: Raquel Dutra Lopes
Colecção: Diversos Infantis Juvenis Nº 82
ISBN: 9789722342308
Data de Publicação: 19 Janeiro 2010

A pequena Rosa descobre, com surpresa e prazer, os diferentes significados que pode ter, a simples expressão, “Gosto de Ti”.

«(…) – Entra, entra, minha querida! Mas o que te traz por cá? – pergunta a avó.
- Preciso que me digas… - começa a menina, um pouco envergonhada.
- O que queres saber? – insiste a avó.
- Como se mede o Amor? – pergunta a Rosa por fim.
(…)
- Sabes, Rosa, o Amor não se mede – diz-lhe com ternura.
(…)
- Fui à procura do Amor! – responde a menina – E encontrei-o…
(…)
O Amor é tudo o que temos no coração para aqueles de quem gostamos!»

Um livro dirigido a crianças a partir dos quatro anos, com capa almofadada e ilustrações enternecedoras, que identifica, numa linguagem simples, as diferentes formas de gostar.





domingo, 28 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

S. Valentim - Sugestões de leitura (IV)

Cartas de Amor de gente famosa
«Nice, ano IV; 30 de Março de 1796
Não passo um dia sem te desejar, nem uma noite sem te apertar nos meus braços; não tomo uma chávena de chá sem amaldiçoar a glória e a ambição que me mantêm afastado da vida da minha vida. No meio das mais sérias tarefas, enquanto percorro o campo à frente das tropas, só a minha adorada Josefina me ocupa o espírito e o coração, absorvendo-me por completo o pensamento. Se me afasto de ti com a rapidez da torrente do Ródano, e para tomar a ver-te o mais cedo possível. Se me levanto a meio da noite para trabalhar, e no intuito de abreviar a tua vinda, minha amada, e no entanto, na tua carta de 23, tratas-me na terceira pessoa, por senhor! Na terceira pessoa te trataria eu! Que mazinha! Como pudeste escrever-me uma carta tão fria! ( ... ) Isto é pior do que todos os suplícios do inferno. Se logo me deixaste de tratar por tu, que será então dentro de quinze dias?! Sinto uma profunda tristeza, e assusta-me verificar a que ponto está rendido o meu coração. Já me queres menos, um dia deixaras de me querer completamente; mas avisa-me, então.
Saberei merecer a felicidade...Adeus, mulher, tormento, felicidade) esperança da minha vida, que eu amo, que eu temo, que me inspira os sentimentos mais ternos e naturais, tanto como me provoca ímpetos mais vulcânicos do que o trovão. »

Napoleão Bonaparte
(para Josefina)
Cartas de amor de Gente Famosa
de Isabel da Nóbrega
Edição/reimpressão: 2009
Páginas: 128
Editor: Prime Books
ISBN: 9789896550103

S. Valentim - Sugestões de leitura (III)

Gosto de ti. R.

Conheces todos os segredos que encerra um simples “Gosto de ti”? Imaginas toda a diferença que pode fazer se o disseres com sinceridade aos que fazem parte da tua vida? Já sentiste a magia que encerra esta simples afirmação e o bem que traz quando o ouves de alguém que o diz com verdade?
Porque nem sempre os afectos são simples…
Adriana descobre um bilhete:
«foi logo no intervalo de uma aula. Entrei na sala e, ainda mal me tinha sentado na carteira, encontrei um bilhete dobrado, meio escondido debaixo de um livro. Desdobrei-o e…”Gosto de ti.R.” Mal li estas palavras, desatei a corar, a corar…»
Adriana sente medo de contar a emoção e surpresa que sente porque os outros podem fazer piada disso «o Miguel estava a olhar para mim. Talvez estivesse a estranhar o meu alvoroço. Mas aquele bilhete…Com aquele verbo…Que encantamento eu sentia pelo verbo gostar! Gosto…Gosto de…Gosto de…ti.»
Este livro é um relato dos medos, angustias e alegrias que vive uma adolescente. Tem a ver com a vida, com a família e com o amor no seu sentido mais abrangente. Tem a ver com a decepção da perda de quem se ama e marca as nossas vidas. Mas depois há a esperança, a amizade verdadeira, o carinho… «O Filipe tem um ar tão triste! Sabe o que ele precisa? É de carinho. De muito carinho. Se tivesse carinho, era mais alegre.»
Esta história é um deslindar de sentimentos e, talvez uma boa pista para aprender a geri-los e a desenvolver os afectos.
É preciso lê-lo com o coração para entender todos os significados que pode ter a simples frase “Gosto de ti”…


Gosto de Ti R.
de Graça Gonçalves
Edição/reimpressão: 2005
Páginas: 128
Editor: GOSTAR Editora
ISBN: 9789728570156


S. Valentim - Sugestões de leitura (II)

Três Histórias de Amor



O Segredo da menina morta
Um rapazinho, João Maria, vivia num sítio fora do comum e encontrava-se dividido entre duas paixões.
«Para João Maria, ser filho do guarda do cemitério não era uma desvantagem. Pelo contrário. A casa era pequena mas o cemitério era imenso e silencioso (…)»
A sua primeira paixão era Inês «(…) havia uma sepultura, ao fundo do sector F, onde o João Maria sempre parava e se demorava, depois de lá pousar as mais belas flores que ia recolhendo nas outras sepulturas. – Olá Inês! Desculpa p atraso. Hoje distraí-me por aí»
A sua outra paixão era Sara «(…) ao fim da manhã, quando regressava a casa, voltou a vê-la à varanda. Acebnou-lhe então a medo, discretamente. Ela voltou a sorrir e ele teve a sensação de que nada existia para além daquele sorriso a não ser a noite escura.»
Mas neste seu romance os dois jovens vêem o seu amor perturbado pela alma de Inês, uma menina morta; que afinal só quer que lhe realizem algo que em vida não pôde fazer.

Romance de Lucas e Pandora
O romance de dois gatos… Lucas, o gato…
«Lucas vivia na Ribeira, junto ao rio que corria sem parar. Era um gato jovem, malhado, filho de um gato vadio e da gata gorducha da loja das iscas de bacalhau.»
E Pandora, a gata…
«Pandora era uma gata mimada, nascida e criada numa casa da avenida marginal. Era filha de um gato embarcadiço e da linda gata doméstica que o namorava às escondidas dos donos.»
Os dois conhecem-se e apaixonam-se mas vivem um dilema…

História do Velho e da sua linda nogueira
E porque existem diferentes histórias de amor…
«Dizem que sou velho mais velho e o pobre mais pobre da terra inteira. Chamam-me Miséria. O velho Miséria.»
Miséria tinha um particular carinho pela sua nogueira «Eu queria viver para cuidar da minha linda nogueira, que era a minha única companhia, o maior consolo, a verdadeira alegria.»
Miséria, sendo já de idade avançada tinha mesmo muita vontade de viver que mais não fosse pela sua nogueirinha…mas a morte visitou-o e ele, esperto como era, tentou enganá-la «- Vai-te, Morte maldita! Vai bater a outra porta que daqui não levas nada». Miséria havia feito um pacto com o diabo que lhe prometera mais vinte anos de vida.
Mas os vinte anos passaram depressa e o diabo voltou, desta vez para levar Miséria. Mas não foi só o diabo que voltou…a Morte, que se dizia noiva de Miséria, voltou também e reclamava levar Miséria consigo.
«O Sol baixava no céu e não tardava a desaparecer atrás dos montes. Era a última vez que o via. Cada coisa que fizesse podia ser a última vez que a fazia. Cada passo que dava podia ser o último passo. Uma tristeza imensa tomou conta de mim. E a minha rica nogueira?»
Miséria engana a morte e o diabo e ganha a eternidade mas a sua nogueira morre…


Plano Nacional de Leitura: Livro recomendado no programa de português do 6º ano de escolaridade, destinado a leitura orientada na sala de aula - Grau de Dificuldade I.

Três Histórias de Amor
de
Álvaro Magalhães
Edição/reimpressão: 2003
Páginas: 72
Editor: Edições Asa
ISBN: 9789724135816
Colecção:
Biblioteca Álvaro Magalhães

S. Valentim - Sugestões de leitura (I)

O Elefante Cor-de-Rosa
Trata-se da história de um pequeno elefante cor-de-rosa, a cor dos sonhos das crianças, e transporta-nos ao bonito e sereno mundo em que ele vivia, juntamente com outros elefantes cor-de-rosa. Um mundo de paz e de alegria, onde não se conhecia o sofrimento. Mas eis que surge o fim deste seu mundo, e o elefante vê-se obrigado a partir. Acabará por ir viver para a imaginação de uma criança! História de sonho e fantasia que apresenta valores tão importantes como a amizade, a solidariedade e a entreajuda.

Plano Nacional de Leitura: Livro recomendado para o 4º ano de escolaridade destinado a leitura orientada na sala de aula - Grau de Dificuldade I.
O Elefante Cor-de-Rosa
de Luísa Dacosta
Edição/reimpressão: 2005
Páginas: 64
Editor: Edições Asa
ISBN: 9789724141848
Colecção: Obras Completas de Luísa Dacosta
Faixa etária: a partir dos 6 anos








segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

1 de Fevereiro de 1908: um relato na primeira pessoa (II)

"Notas absolutamente íntimas" de D. Manuel II

«Como disse mais atrás eu estava em Lisboa quando foi 28 de Janeiro; houve uma pessoa minha amiga (que se não me engano foi o meu professor Abel Fontoura da Costa) que disse a um dos Ministros que eu gostava de saber um pouco o que se passava, porque isto estava num tal estado de excitação. O João Franco escreveu-me então uma carta que eu tenho a maior pena de ter rasgado, porque nessa carta dizia-me que tudo estava sossegado e que não havia nada a recear! Que cegueira!
Mas passemos agora ao fatal dia 1 de Fevereiro de 1908 sábado. De manhã tinha eu tido o Marquês Leitão e o King. Almocei tranquilamente com o Visconde d'Asseca e o Kerausch. Depois do almoço estive a tocar piano, muito contente porque naquele dia dava-se pela primeira vez "Tristão e Ysolda" de Wagner em S. Carlos. Na vespera tinha estado tocando a 4 mãos com o meu querido mestre Alexandre Rey Colaço o Septuor de Beethoven, que era, e é uma das obras que mais aprecio deste génio musical. Depois do almoço à hora habitual quer dizer às 13:15h comecei a minha lição com o Fontoura da Costa, porque ele tinha trocado as horas da lição com o Padre Fiadeiro. A hora do Fontoura era às 17:30h. acabei com o Fontoura às 15 horas e pouco depois recebi um telegrama da minha adorada Mãe dizendo-me que tinha havido um descarrilamento na Casa-Branca, mas não tinha acontecido nada, mas que vinham com três quartos de hora de atraso. Vendo que nada tinha acontecido dei graças a Deus, mas nem me passou pela mente, como se pode calcular o que havia de acontecer. Agora pergunto-me eu aquele descarrilamento foi um simples acaso? Ou foi premeditado para que houvesse um atraso e se chegasse mais tarde? Não sei. Hoje fiquei em dúvida. Depois do horror que se passou fica-se duvidando de muita coisa. Um pouco depois das 4 horas saí do Paço das Necessidades num "landau" com o Visconde d'Asseca em direcção ao Terreiro do Paço para esperarmos Suas Magestades e Alteza. Fomos pela Pampulha, Janelas Verdes, Aterro e Rua do Arsenal. Chegámos ao Terreiro do Paço. Na estação estava muita gente da corte e mesmo sem ser. Conversei primeiro com o Ministro da Guerra Vasconcellos Porto, talvez o Ministro de quem eu mais gostava no Ministério do João Franco. Disse-me que tudo estava bem.
Esperamos muito tempo; finalmente chegou o barco em que vinham os meus Paes e o meu Irmão. Abracei-os e viemos seguindo até a porta onde entramos para a carruagem os quatro. No fundo a minha adorada Mãe dando a esquerda ao meu pobre Pae. O meu chorado Irmão deante do meu Pae e eu deante da minha mãe. Sobretudo o que agora vou escrever é que me custa mais: ao pensar no momento horroroso que passei confundem-se-me as ideias. Que tarde e que noite mais atroz! Ninguem n'este mundo pode calcular, não, sonhar o que foi.creio que só a minha pobre e adorada Mãe e Eu podemos saber bem o que isto é! vou agora contar o que se passou n'aquella historica Praça.Sahimos da estação bastante devagar. Minha mãe vinha-me a contar como se tinha passado o descarrilamento na Casa-Branca quando se ouvio o primeiro tiro no Terreiro do Paço, mas que eu não ouvi: era sem duvida um signal: signal para começar aquella monstrosidade infame, porque pode-se dizer e digo que foi o signal para começar a batida. Foi a mesma coisa do que se faz n'uma batida às feras: sabe-se que tem de passar por caminho certo: quando entra n'esse caminho dá-se o signal e começa o fogo! Infames! Eu estava olhando para o lado da estatua de D. José e vi um homem de barba preta , com um grande "gabão". Vi esse homem abrir a capa e tirar uma carabina. Eu estava tão longe de pensar n'um horror d'estes que me disse para mim mesmo, sabendo o estado exaltação em que isto tudo estava "que má brincadeira". O homem sahiu do passeio e veio se pôr atraz da carruagem e começou a fazer fogo.Quando vi o tal homem das barbas que tinha uma cara de meter medo, apontar sobre a carruagem percebi bem, infelizmente o que era. Meu Deus que horror. O que então se passou só Deus minha mãe e eu sabemos;(...).»

1 de Fevereiro de 1908: um relato na primeira pessoa (I)

«Há já uns poucos de dias que tinha a ideia de escrever para mim estas notas intimas, desde o dia 1 de Fevereiro de 1908, dia do horroroso atentado no qual perdi barbaramente assassinados o meu querido Pae e o meu querido Irmão. Isto que aqui escrevo é ao correr da pena mas vou dizer franca e claramente e também sem estilo tudo o que se passou. Talvez isto seja curioso para mim mesmo um dia se Deus me der vida e saúde. Isto é uma declaração que faço a mim mesmo. Como isto é uma historia intima do meu reinado vou inicia-la pelo horroroso e cruel atentado.
No dia 1 de Fevereiro regressavam Suas Magestades El-Rei D. Carlos I a Rainha a senhora D. Amélia e Sua Alteza o Principe Real de Villa Viçosa onde ainda tinha ficado. Eu tinha vindo mais cedo (uns dias antes) por causa dos meus estudos de preparação para a Escola Naval. Tinha ido passar dois a Villa Viçosa tinha regressado novamente a Lisboa.
Na capital estava tudo num estado excitação extraordinária: bem se viu aqui no dia 28 de Janeiro em que houve uma tentativa de revolução a qual não venceu. Nessa tentativa estava implicada muita gente: foi depois dessa noite de 28, que o Ministro da Justiça Teixeira d'Abreu levou a Villa Viçosa o famoso decreto que foi publicado em 31 de Janeiro. Foi uma triste coincidência ter rubricado nesse dia de aniversário da revolta do Porto. Meu Pae não tinha nenhuma vontade de voltar para Lisboa. Bem lembro que se estava para voltar para Lisboa 15 dias antes e que meu Pae quis ficar em Villa Viçosa: Minha Mãe pelo contrário queria forçosamente vir. Recordo-me perfeitamente desta frase que me disse na vespera ou no próprio dia que regressei a Lisboa depois de eu ter estado dois dias em Villa Viçosa. "Só se eu quebrar uma perna é que não volto para Lisboa no dia 1 de Fevereiro. Melhor teria sido que não tivessem voltado porque não tinha eu perdido dois entes tão queridos e não me achava hoje Rei! Enfim, seja feita a Vossa vontade Meu Deus!
Mas voltando ao tal decreto de 31 de Janeiro. Já estavam presas diferentes pessoas politicas importantes. António José d'Almeida, republicano e antigo deputado, João Chagas, republicano, João Pinto dos Santos, dissidente e antigo deputado, Visconde de Ribeira Brava e outros. Este António José d'Almeida é um dos mais sérios republicanos e é um convicto, segundo dizem. João Pinto dos Santos, é também um dos mais sérios do seu partido. O Visconde de Ribeira Brava, não presta para muito e tinha sido preso com as armas na mão no dia 28 de Janeiro. Mas o António José d'Almeida e João Pinto dos Santos não podiam ser julgados senão pela Câmara como deputados da última Câmara. Ora creio que a tensão do Governo era mandar alguns para Timor tirando assim por um decreto dictatorial um dos mais importantes direitos dos deputados. O Conselheiro José Maria de Alpoim par do Reino e chefe do partido dissidente tinha tido a sua casa cercada pela policia mas depois tinha fugido para Espanha. Um outro dissidente também tinha fugido para Espanha e lá andou disfarçado. Outro que tinha sido preso foi o Afonso Costa: este é do pior do que existe não só em Portugal mas em todo mundo; é medroso e covarde, mas inteligente e para chegar aos seus fins qualquer pouca vergonha lhe é indiferente. Mas isto tudo é apenas para entrar depois mais detalhadamente na história íntima do meu reinado.»

domingo, 31 de janeiro de 2010

O Regicídio

Uma interessante abordagem do Regicídio ocorrido a 1 de Fevereiro de 1908.






Documentação fotográfica estará temporariamente disponível no espaço da BE/CRE

O Regicídio - 1 de Fevereiro de 1908

Era assim divulgado, pelo Petit Journal Ilustré, o acontecimento que marcou a Nação Portuguesa no dia 1 de Fevereiro de 1908



No dia 1 de Fevereiro de 1908, o Rei D.Carlos I, a Rainha D. Amélia e o Príncipe Real Luís Filipe, regressavam a Lisboa após passarem a temporada de caça em Vila Viçosa.
D. Carlos e a família real apanharam o comboio na estação de Vila Viçosa, na manhã do dia 1 de Fevereiro. O Rei e a sua comitiva chegaram ao Barreiro ao final da tarde, onde embarcaram no vapor D. Luís com destino ao Terreiro do Paço, em Lisboa.
Desembarcaram, na Estação Fluvial Sul e Sueste, por volta das 17 horas da tarde. Apesar do clima de grande tensão que se vivia na época, o rei resolveu prosseguir em carruagem aberta, com uma reduzida escolta, para demonstrar tranquilidade. Enquanto saudavam a multidão presente na Praça, a carruagem foi atacada por disparos. Um tiro de carabina atravessou o pescoço do Rei, acabando de imediato com a sua vida. Seguiram-se vários disparos, tendo o Príncipe Real, D. Luís Filipe, conseguido alvejar um dos atacantes, sendo, por sua vez, atingido na face por um outro disparo. A rainha, de pé, brandia o ramo de flores que lhe fora oferecido, agredindo um dos atacantes, que subira o estribo da carruagem. O infante D. Manuel acabou por ser atingido num braço.
Dois dos regicidas foram mortos no local. Outros fugiram.
A carruagem entrou no Arsenal da Marinha para procurar abrigo, mas aí verificou-se o óbito do Rei e o do Herdeiro do Trono. O infante D. Manuel sobreviveu.
Costa e Buiça (os dois atacantes mortos), atingiam o cerne da monarquia portuguesa, deixando o trono nas mãos de um jovem sem verdadeira preparação para o governo, D. Manuel, que sem capacidade nem margem de manobra para gerir a explosiva situação política acabaria por assistir impotente à queda da monarquia e à implantação da República a 5 de Outubro de 1910.

31 de Janeiro de 1891 - 31 de Janeiro de 2010

Uma "reconstituição" do 31 de Janeiro de 1891



A comemoração a 31 de Janeiro de 2010

sábado, 30 de janeiro de 2010

O 31 de Janeiro de 1891 (em imagens)

Imagens que ilustram a revolta de 31 de Janeiro de 1891, na cidade do Porto:

1- Quartel de Infantaria 18 e Campo da Regeneração

2- Proclamação da República na Câmara Municipal do Porto


3-Bandeira do Centro Democrático Federal -hasteada na Câmara Municipal



4- Encontro dos revoltosos com as tropas fiéis à Monarquia


5- Bombardeamento da Câmara Municipal do Porto pela Guarda Municipal


6- Revoltosos presos a bordo da embarcação Índia

7- Conselho de guerra a bordo do Índia

As imagens apresentadas fazem parte integrante da obra "A Revolução Portugueza: O 31 de Janeiro (Porto 1891)" de Jorge Abreu.



A BE/CRE apresenta, ao longo da presente semana, uma exposição intitulada "31 de Janeiro de 1891: os primeiros passos para a implantação da República" onde serão destacadas informações e imagens pertinentes sobre a data simbólica que se assinala.

31 de Janeiro

As comemorações oficiais do Centenário da 1ª República Portuguesa têm início hoje, dia 31 de Janeiro de 2010, na cidade do Porto.



Mas porquê o dia 31 de Janeiro e porquê na cidade do Porto?

31 de Janeiro assinala a data do primeiro movimento revolucionário que teve por objectivo a implantação de um regime republicano em Portugal. Esta revolta ocorreu na cidade do Porto no ano de 1891.

A Revolta de 31 de Janeiro de 1891
Causas imediatas
No dia 31 de Janeiro de 1891 ocorreu, na cidade do Porto, um levantamento civil e militar que se opunha com furor à cedência do Governo Monárquico perante o Ultimato Britânico que obrigava ao abandono do Projecto do Mapa Cor-de-Rosa (este projecto ao pretender ligar, por terra, as nossas colónias de Angola e Moçambique, colidia com os interesses britânicos que pretendiam unir as suas possessões do Cairo ao Cabo). Para muitos portugueses este ultimato foi sentido como uma desgraça nacional, uma humilhação tremenda que, alguns idealistas Portuenses, se propunham vingar.

A Revolta
O movimento revoltoso era composto por intelectuais civis e corpos militares, contando com forte adesão e entusiasmo da população do Porto.
A revolta tem início na madrugada do dia 31 de Janeiro, quando o Batalhão de Caçadores nº9, liderado por sargentos, se dirigem para o Campo de Santo Ovídio (actual Praça da República) onde se encontra o Regimento de Infantaria 18. Ainda antes de chegarem, juntam-se ao grupo, o alferes Malheiro, o Regimento de Infantaria 10 e uma companhia da Guarda Fiscal.
Os revoltosos descem até à Praça de D. Pedro, (actualmente Praça da Liberdade), onde, em frente ao antigo edifício da Câmara Municipal do Porto, ouvem Alves da Veiga proclamar a República e hastear uma bandeira vermelha e verde, perante uma compacta multidão em euforia.





"Pouco passava das seis horas da manhã. As acclamações despedidas pelos populares continuavam vibrantes, enthusiasticas. De repente, abriram-se as janellas dos paços do concelho e alguns individuos da classe civil, entre os quaes se destacava a figura herculea de Santos Cardoso, appareceram a dar vivas á Republica, ao exercito e aos regimentos sublevados. Um popular, armado de espingarda, foi buscar a bandeira do Centro Democratico Federal 15 de Novembro; Santos Cardoso agitou-a freneticamente sobre a multidão e depois fel-a arvorar no mastro que sobrepujava o frontão do edificio. A guarda de honra nos paços do concelho era feita por uma força de infantaria 10 commandada pelo 1.º sargento Vergueiro.
Decorrido algum tempo, o dr. Alves da Veiga assomou a uma das janellas da casa da Camara e proferiu um discurso, entrecortado pelos applausos da multidão."
in Abreu, Jorge. A Revolução Portugueza: O 31 de Janeiro (Porto 1891). Casa Alfredo David. Lisboa, 1912.


Com fanfarra, foguetes e vivas à República, a multidão decide tomar a estação de Correios e Telégrafos. No entanto, são bruscamente detidos por uma forte carga de artilharia e fuzilaria da Guarda Municipal que vitima militares revoltosos e simpatizantes civis (terão sido mortos cerca de 12 revoltosos e feridas 40 pessoas).

O fim de um sonho
A reacção do Governo Monárquico é implacável: os revoltosos são julgados por Conselhos de Guerra realizados a bordo de navios de guerra, ao largo de Leixões. Para além de civis, foram julgados 505 militares. Mais de duzentas pessoas seriam condenadas a penas entre 18 meses e 15 anos de prisão.




A revolta do 31 de Janeiro marca significativamente a história do partido republicano em Portugal uma vez que foi a sua acção mais radical antes do 5 de Outubro de 1910.

I Centenário da 1ª República Portuguesa

No âmbito das comemorações do I Centenário da República Portuguesa, a BE/CRE relança o seu blogue divulgando o cartaz elaborado para marcar o início das referidas comemorações.

Microsoft Word - Cartaz Republica

Neste espaço serão apresentados breves apontamentos da história da 1ª República Portuguesa e curiosidades sobre a mesma temática.